Mais ou menos pelo ano 1999 eu estava estudando no colégio Brasilio Machado da Vila Mariana, era começo de ano e as salas iriam se formar, procurei na lista de salas de aula o meu nome, achei mas junto via um outro nome bem popular com o sobrenome parecido com o meu, eu logo imaginei que aquele nome seria de mais um cara homofóbico daqueles que mexem com todo mundo na sala. Eu não senti boa coisa por aquele nome.
Começa o primeiro dia de aula, então adentra a sala de aula um rapaz vestido de técnico do SPFC , boné, olhos verdes, loiro e cara de poucos amigos. Fiquei com certo receio, afinal eu tenho medo de cara bonito, os seus olhos eram verdes como o de um lobisomem, aquilo me dava medo mas me dava mais vontade de olhar.
Passam-se algumas semanas eu começo notar que Danilo até que era sociável com as patricinhas e mauricinhos da sala. Eu como sempre fui um pé rapado, só observava mas sabia que a classe social dele era muito acima da minha, mesmo assim eu cada dia queria ficar olhando mais pra ele. Até que um dia ele me cumprimentou , achei o máximo pois gente bonita e heterossexual geralmente não vai atrás de cumprimentar ninguém, muito menos um viado que nem eu.
Não se se por ser italiano ou por querer se famosinho como pagodeiro, Danilo era simpático(falciane) com qualquer um, inclusive comigo, dava até tapinhas na minha costa, hoje em dia quando me lembro me dá nojo de eu ter sido tão otário.
Eu sentia que como se estivesse no céu quando via Danilo, afinal ele mesmo sendo hétero, bonito e com mais condições econômicas que eu, ainda se prestava a me tratar normalmente bem, quando eu vi eu já estava apaixonado por ele e todas as meninas da sala já sabiam, era algo divertido e arriscado, quando ele virava as costas eu mandava beijos sem ele saber para ele e minhas amigas riam demais, quando ele virava , eu me fazia se santo novamente, não queria eu ser recriminado.
Danilo tinha um grupo de pagode e todo mundo sabia disso, menos eu, então eu anotei o nome desse grupo e deixei guardado. Eu não tirava esse cara da minha cabeça, todo dia eu enchia o saco das minhas amigas falando massantemente dele, eu estava loucamente apaixonado, eu o bobão da sala, viado e pobre gostando do descoladão e galã da sala, sempre foi assim! Tipo aqueles nerds que usam sandálias com meia, óculos, cabelo lambido e de repente se apaixonada por uma vagabunda. Assim era eu por Danilo. Quando penso nisso, hoje, me sinto muito mal.
Danilo me tratava relativamente bem e eu achava que isso poderia ser amor. Uma vez eu o vi chorar sei lá por qual motivo na sala e eu quis chegar perto para ajuda-lo de alguma forma. Mas quem sou eu, não é mesmo?
É muita pretensão a minha querer chegar perto de um heterossexual , bonito, famoso e de classe social acima da minha para consolá-lo, até parecia que eu era gente. Logo me pus no meu lugar e deixei Danilo chorando sozinho, ainda mais que aqueles olhos verdes de lobisomem misturado com vermelho do choro me dava medo.
Eu adoraria acalentar alguém que eu gostasse, eu morro de vontade de fazer isso, mas daí eu lembro que eu não posso, homossexuais não podem manifestar carinho por ninguém, isso é feio nesse mundo!
O tempo passou, o ano letivo terminou e meu coração partiu pois eu nunca mais iria ver Danilo, mesmo assim eu fiquei 5 anos apaixonado por ele, procurando por ele em todos os cantos. Não o achava de jeito algum. Me foi útil então o nome do grupo de pagode dele, por ele eu soube que ele dava shows num bar chamado Consulado da Cerveja.
Então eu comecei a ligar todos os dias para esse bar, deixei recados e mais recados. Sim, quando eu me apaixono eu fico uma besta de romântico e ao mesmo tempo obstinado. Bem, eu deixava recados e nada!
Eu então fui atras dos amigos dele na internet, consegui até me comunicar com um deles, porem ele me pregara uma peça me dizendo que Danilo havia ficado tetraplégico! Imagina, heterossexuais odeiam gays, eu fui me abrir pro amigo dele e ele prontamente me sacaneou com essa história besta!
Finalmente, em conjunto com minha amiga, encontrei o MSN do Danilo na net, depois de muitos anos procurando aquele moço tão lindo, isso me deu uma alegria danada misturado com uma tensão não menos intensa, afinal eu queria me declarar ao infeliz. Então a minha amiga o adicionou numa espécie de conversa grupal no messenger e depois me adicionou também. Bom, no MSN eu estava tremendo, ele foi bem seco e hostil por ali.
Eu me declarei, ele me xingou, disse que eu não deveria mais procurá-lo e ainda tirou onda dizendo que uma amiga puta só poderia ter um amigo viado mesmo!
Lição de casa: toda simpatia de heterossexual conosco ou é falsa ou tem algum interesse financeiro. No caso dele, era falsa mesmo!